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Esclarecimentos e Perguntas Frequentes

     No início do século XII quando a armadura cobria todo o corpo do Cavaleiro a dificuldade de reconhecê-lo ficou imensa. A Heráldica nasce exatamente neste contexto histórico, como meio de reconhecimento do Cavaleiro em campo de batalha ou torneios. O que hoje temos por elementos na heráldica simbólica era, em tempos passados, elementos físicos. Um sistema evoluiu em que um dispositivo foi pintado no escudo de um Cavaleiro e replicado em sua armadura. Os elmos dos Cavaleiros foram reforçados com uma crista na parte superior para se proteger contra golpes vindos de cima. Esse detalhe que serviria para proteger o Cavaleiro gerou o que chamamos por timbre. Como a heráldica desenvolveu-se num sistema de identificação utilizado em circunstâncias internas, recursos adicionais e puramente decorativas foram adicionadas ao brasão de armas. Assim, os chamados suportes, manto, coroa, timbre, listel e o lema integram a heráldica artística. 
     O primeiro esclarecimento que se deve fazer acerca da heráldica, é que não existem "brasões de Família". Brasões são sempre propriedades pessoais.
 
     Nalguns Países o uso se brasões é protegido por lei, assim, usar brasões somente pela semelhança de sobrenome com o armigerante é ilegal.  Após a concessão, blasonatura e posterior registro das Armas no Tribunal Heráldico da Casa Principesca de Mesolcina, o brasão é de uso pessoal do armigerante, dessa forma, não podendo ser usado pela família do armigerante. Se acaso algum parente do armigerante queira fazer uso das mesmas armas deverá o solicitante pedir ao Tribunal Heráldico que faça outro registro das armas com sua devida cadência. Seguindo a normativa heráldica e o grau de parentesco com o possuidor originário, as armas contarão - assim - com sua diferenciação cadencial.
 
     O sistema de diferenciação heráldica ou cadenciamento heráldico visa diferenciar os vários e verdadeiros possuidores das armas. O cadenciamento é muito instrutivo, além de diferir quem são os possuidores, também, ordenam. Cada símbolo acrescido às armas são uma diferenciação de, por exemplo, ordem de nascimento dos herdeiros das armas, no caso claro de concessão de armas hereditárias. O cadenciamento heráldico é um processo natural as armas que são concedidas hereditariamente, mas, são utilizadas - também - nos casos dos familiares do armigerante que, não possuindo armas hereditárias, queiram fazer uso das mesmas.
 
     Os sobrenomes têm brasões d'armas?
     Não! É uma informação muito divulgada nos meios de comunicação e confunde a muitos que não conhecem a heráldica. Como dissemos acima os brasões são de uso pessoal, é um erro muito grande adotar um brasão somente por semelhança de sobrenome. Em Países cuja heráldica é civilmente protegida é um crime fazer uso de armas que não são sua propriedade. Muitas pessoas do mesmo sobrenome, por vezes, têm o direito há Brasões de Armas completamente diferentes. Para que seja legítimo a "passagem" de direito de armas é necessário que seja descrito na carta de concessão d'armas.

Exemplo da Heráldica da Família Macchi, da Itália, onde podemos ver 14 brasões, cada um de um ramo da família. Dessa forma pode-se perceber que não existe um brasão para o sobrenome Macchi, mas sim brasões totalmente diferentes, para ramos genealógicos que usam o mesmo nome "Macchi".

     Todas as famílias têm brasão d'armas?
     Não! Como já foi esclarecido, o fato de o "sobrenome" escrito no brasão ser semelhante não quer dizer que todas as famílias possuam brasões. Grande parte da criação e registro dos brasões na idade média era reservado apenas para a nobreza e a aristocracia, esses, sempre foram uma pequena parcela da população. Após o brasão ser concedido a um nobre, o único detentor dos direitos das armas é o filho mais velho. Dessa forma os outros filhos poderão utilizar as armas do Pai servindo-se do sistema de cadenciamento(diferenciação) heráldico. Em muitas Casas Nobres o brasão é passado para todos os filhos homens, sem diferenciação. Mesmo neste caso, o número de pessoas que realmente tenham direitos a um brasão d'armas é muito pequeno.
     Para ser heraldista, basta saber "desenhar" brasões?
     Não! Um Heraldista, quer seja um aficionado, quer seja um Heraldista profissional, integrado a um órgão governamental, ou pertencente a uma Casa Soberana (Rei-de-Armas; Arauto ou Passavante), é necessário que o estudioso saiba, além de blasonar [saber desenhar brasões, seguindo as Leis e Regras da Heráldica], a usar a Linhagem Parassematográfica [linguagem própria usada pelos Heraldistas para fazer a descrição da Cota d'Armas do Armigerante], além de ter um conhecimento pleno das Leis, Regras e Tradições Heráldicas.
   Existe apenas uma heráldica universal?
   Sim! A Heráldica é, antes de mais nada, uma Ciência, e como uma ciência, ela é universal (algo próprio de todas as demais ciências, vez que, precisam ter as mesmas regras válidas em todo o mundo). Todavia, não devemos esquecer que a Ciência Heráldica é estudada por diversas escolas heráldicas, e que, estas sim, possuem características próprias em cada região do mundo. Desta forma, podemos afirmar que a mesma Heráldica que é usada na Alemanha é a usada em Portugal, todavia, devemos ter noção de que a Escola Heráldica Alemã segue determinadas Regras, que não são as que se aplicam à Escola Heráldica Portuguesa (como, por exemplo, o número e posicionamento dos elmos em um brasão).
   Qual a diferença entre a Heráldica, que é universal, e as diversas Escolas Heráldicas?
    A Heráldica, como visto acima, é uma ciência, e as regras científicas são universais (as regras da Física que se aplicam nos Estados Unidos, são as mesmas que se aplicam na China, por exemplo), e então podemos dizer que essa é uma das diferenças: ao mesmo tempo em que a Heráldica é uma Ciência universal, surgiram diversas Escolas Heráldicas para o estudo desta mesma ciência.
    Outra diferença clara entre a Heráldica e as Escolas Heráldicas é que a Heráldica, como qualquer ciência, possui Leis (as tão famosas Leis da Heráldica, sendo a mais clássica que não se deve sobrepor esmalte por esmalte, ou metal por metal), enquanto as Escolas Heráldicas não possuem Leis, mas possuem Regras, que devem ser respeitadas e praticadas, para assim se poder compreender a Heráldica segundo as diversas Escolas (quantidade, posição e número de elmos em um brasão, é algo próprio das Regras Heráldicas [já que são próprias de cada Escola], não são, dessa forma, uma Lei Heráldica). 
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